POLITICA DE COOKIES
Utilizamos cookies para assegurar que lhe fornecemos a melhor experiência na nossa página web. Ao continuar a navegar consideramos que aceita o seu uso.
COMPREENDO E ACEITO

 

Tempo e elites

Para a Bíblia, o tempo não é a soma de átomos, de momentos parcelares e pontuais, mas o grande horizonte no qual se exerce a ação do homem. Que pode ou não corresponder ao plano de Deus. Inerente ao tempo existe, portanto, um sentido e uma direção. O tempo é uma espécie de folha em branco na qual a nossa liberdade escreve ações de salvação ou condenação.

Logo no início da história, registo desse tempo, diz-se que o seu significado consiste na colaboração com Deus na obra de aperfeiçoamento do mundo: “Crescei, multiplicai-vos, enchei e aperfeiçoai a terra” (Gn 1, 28). Claro que este «aperfeiçoamento» não se refere só à agricultura ou às construções humanas, embora as não exclua. Diz respeito a uma sociedade e história que, na liberdade, deem corpo ao plano de Deus de se sentirem filhas deste Pai comum, assumirem a lei da fraternidade universal e manterem uma tal relação com a natureza que retire dela o que é indispensável, mas preservando-a para o futuro.

Na atuação de Jesus, encontramos, tipificado, a execução do plano divino: sob a moção do Espírito de Deus, faz da sua existência uma obra de melhoria do mundo ao “pregar o Evangelho aos pobres, proclamar a libertação dos aprisionados e a recuperação da vista aos cegos, restituir a liberdade aos oprimidos e anunciar o tempo da graça do Senhor” (Lc 4, 18-19). É Salvador –e salvador único!- porque reconduz à verdadeira direção uma história que teima, tantas vezes, em seguir outro rumo.

Não pode ser outra a atuação dos cristãos, aqueles que, inseridos em Cristo pelo batismo “como o ramo na videira” (Jo 15, 5), vivem da seiva que é Ele mesmo: copiam-Lhe não só o nome, mas também os critérios de atuação, o zelo pelo plano de Deus e as razões da existência. Quer a título individual, quer associados com outros, pois a junção potencia o efeito.

Que o mundo precisa desta levedura, parece ser algo sem necessidade de demonstração. Mas foi sempre assim. O nosso tempo não é pior que os outros. Por isso, é sempre imprescindível a presença cristã no mundo, mormente por intermédio de minorias cultas, disponíveis, «espirituais», animadas do espírito evangélico. Verdadeiras elites católicas que funcionem como fermento na massa. Verdadeiros «mensageiros de Deus» que, captando o espírito do tempo, ajudem o tempo a captar o espírito de Deus.

***