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COMPREENDO E ACEITO

 

 

Na bênção dos finalistas - 2025

O amor social a que somos chamados

 

 

Acabamos de escutar uma das cenas mais belas do Evangelho. Depois daquela experiência maravilhosa de terem privado com Jesus durante três anos, os discípulos voltam à normalidade da sua vida. Eles são pescadores e é aí que regressam. Pedro, destemido como sempre, diz: “Vou pescar”. “Nós também vamos contigo”, alinham os outros. Afinal, tinham aprendido que viver uns com os outros, uns pelos outros, é que faz crescer a comunidade e cada um. Tinham aprendido com Jesus a consequência ética da centralidade do Evangelho que nos lança para o outro e não para o eu.

É aqui, na normalidade da vida, que se encontram de novo com Jesus. Sabem uma coisa? Deus sempre se encontra no quotidiano da vida. Isto foi surpreendente para eles e continua a ser surpreendente para nós, hoje. Sim, não procureis Deus nas coisas colossais, nas soleníssimas liturgias ou nos grandes lugares do mundo, cobertos de ouro e glória. Deus encontra-se em casa, na rua, no trabalho, nos outros, nos lugares que habitamos. Foi assim que Jesus viveu. E é na vida como ela se apresenta que Ele nos quer encontrar também. Foi esse o maior legado do Papa Francisco, caros finalistas, e que não podemos deixar de levar por diante e fazer crescer, cada um com a sua responsabilidade cívica e a sua vocação.

Aos discípulos Jesus fez uma pergunta desconcertante: “Rapazes tendes alguma coisa para comer?”. Mas, curiosamente, quem acendeu a fogueira, assou peixe e lhes deu de comer foi o que eles tinham por seu Mestre e Senhor. É assim o estilo de Jesus: próximo, cuidadoso, ternurento. Qualidades que se vivem na intimidade dos amigos. Qualidades humanas e universais que, de algum modo, definem o nosso ser católico e cristão. É isso que vos peço, caros e caras finalistas: sejam próximos! Sejam cuidadosos! Sejam ternurentos! Deus cuida de vós concedendo-vos a graça e a força para a obtenção de um diploma que vos vai abrir as portas do trabalho e relacionar ainda mais com o mundo. É Jesus quem vos coloca nas mãos a bela iguaria de um trabalho digno com o qual vos sustentareis, sustentareis os vossos e muito contribuireis para o bem comum da sociedade. Usai-a em proveito de todos. Como dizia acima, com proximidade, carinho, ternura. É que, além do mais, não haverá futuro para nós como sociedade e como mundo sem esta identidade verdadeiramente humana. Como Jesus, como tantos dos seus seguidores e como o Papa Francisco nos mostraram. Basta de frieza nas relações e de egoísmos fúteis que só arrefecem mais o nosso mundo!

É neste ambiente sereno e familiar que acontece um dos diálogos mais comoventes do Evangelho. Refiro-me àquela pergunta simples e tão humana: “Pedro, tu amas-me ou és meu amigo?”. Por três vezes, a entrar profundamente no coração do discípulo. A resposta a esta pergunta não se resume a palavras, mas exprime-se em atitudes da vida simples e humana do dia-a-dia. É concreto e é real. Por isso, onde estiveres, no trabalho, na família, na universidade, na política, em tudo e em todos os lugares, faz tudo por amor e com amor. É assim que Deus entra em nós. Não a partir de conceitos abstratos, mas de atitudes humanas. Atitudes que sendo simples, todos as podem entender e receber. Deus entra mesmo em todos e chega a todos, porque todos sabem o que é amar nas suas diversas formas e caminhos. Foi, talvez, por isso que Pedro discerniu o fundamental ao aceitar finalmente um Deus que apenas lhe pede amor. Percebe que é o seu amor e apenas o seu amor, na sua forma de amar, que o fará chegar até Deus cada dia da sua vida. Foi assim com Pedro e é assim connosco.

Como sabeis, em Roma, os cardeais vão escolher o novo Papa. O Espírito Santo esteve por estes dias a mostrar a todos os cardeais o quão tocante e próximo foi o pontificado do nosso querido Papa Francisco, com manifestações diversas e das mais inesperadas pessoas, crentes e não crentes. O Espírito Santo mostrou-nos a todos, a necessidade que a Igreja tem de se fazer próxima de todos e de manter o Evangelho como centralidade. E que o nosso mundo pode assentar em novas relações cordiais, em fraternidade, em amor social. Conto convosco, aqui na Diocese do Porto e em Portugal para não deixarmos morrer o legado do Papa Francisco! Quereis dar esta colaboração?

E a todas vós, queridas mães, porque hoje é o vosso dia, para além dos meus cordiais parabéns, formulo votos de que Grande Mãe, a Mãe de Deus e nossa Mãe, vos receba sempre no seu colo acolhedor como vós recebestes os vossos filhos! Deus vos abençoe.

 

 

+ Manuel Linda 4 de maio de 2025