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COMPREENDO E ACEITO

 

 

Palavras de saudação e agradecimento no

25º aniversário da Ordenação Episcopal de D. António Taipa

 

 

Excelência Reverendíssima senhor D. António Taipa,

este grande grupo de seus amigos e os muitíssimos que, pelas circunstâncias da vida, não puderam comparecer, mas também se sentem unidos espiritual e afetivamente, juntamo-nos aqui, nesta Catedral que o viu nascer para o pastoreio da Grei e o acompanhou nos diversos graus do Sacramento da Ordem, sempre numa exigência crescente, para, consigo, darmos graças a Deus pelo grande dom que o senhor é para a sua Igreja. E para lhe apresentarmos um abraço de parabéns pela sua fidelidade à graça.

Estamos vários bispos, pois não esquecemos a sua bonomia e determinação, o sentido de humor e a profundidade da reflexão na plenária e nos diversos órgãos da Conferência Episcopal; estão os Presbíteros e os Diáconos que não ignoram o seu governo como Administrador desta Diocese –aliás, foi precisamente do senhor que eu recebi a responsabilidade por esta grande e bela Diocese- e o quarto de século em que o senhor realizou este seu serviço episcopal na simpatia, na proximidade, no convívio e nesse jeito típico de se saber colocar ao mesmo nível dos seus interlocutores; estão os seus familiares e e Suas Excelências os senhores Presidentes da Câmara Municipal de Paços de Ferreira e da Junta Freguesia de Freamunde que confirmam esse sentido de pertença, de enraizamento, de regresso ao berço que nós, os adultos, ainda sentimos mais necessidade que as crianças para quem a liberdade é andar pelos seus próprios pés, é saltar para fora do berço, é de distender as raízes e não viver prisioneiras delas; e estamos nós os que tivemos a dita de termos sido formados por si, quer no Seminário, quer como seus alunos.

De facto, o senhor foi Perfeito e/ou Reitor de um grande número de seminaristas, de várias Dioceses, que frequentavam o nosso sempre estimadíssimo e familiar Seminário da Sé. E todos sentíamos um Superior-pai, um formador que fazia caminho com o formando, um coração quente que não deixava arrefecer o nosso. Sentíamo-nos da família e não estranhos. Entretanto, em abono da verdade, seja-me permitido a referência a uma pequena exceção, pois como diz o povo, não há bela sem senão: não sei se as pernas e as canelas dos jogadores adversários, lá no cimento do ringue, estariam dispostas a testemunhar a mesma candura. Tenho uma certa persuasão que algumas destacariam mais a dureza dos seus contactos. Mas isso só tem a ver com as pernas, não com as pessoas.

Regressando ao registo da seriedade, há que referir, também e obrigatoriamente, a Teologia Bíblica que o senhor ministrou no antigo ICHT e na Faculdade de Teologia. O senhor não nos ensinou a saber, mas conduziu-nos àquela arte do degustar, do saborear, do incorporar. Não nos ensinou exegese fria, mas fez-nos entrar naqueles sentimentos mais profundos onde se joga a radicalidade da fé e a grande experiência do divino, a qual, muitas vezes, não é outra senão a «noite escura» dos místicos ou o «silêncio de Deus» dos dramas fabricados pela contingência da natureza ou –o que é bem pior- pela própria liberdade humana. Por isso, pela intensidade dos sentimentos em jogo, sabíamos bem o relevo que o senhor atribuía à grande metáfora do Livro de Job, a ponto de, por vezes, se notar um silêncio profundo e uma lágrima fortuita. A qual, aliás, falava tanto com a teologia ou era mesmo a confirmação dessa mesma mensagem salvífica.

Senhor D. António, por tudo isto e pelo que agora não pode ser dito por falta de tempo, esta Diocese do Porto –a sua única Diocese, que o senhor desposou numa unidade e fidelidade totais- esta nossa Diocese está-lhe muito grata. Grata pelo trabalho pastoral, grata pela especial formação que nos ministrou e grata por essa relação de exclusividade. Ora, quase todas as culturas simbolizam este prendimento afetivo e esta indissolubilidade pelo anel. Foi precisamente um anel o objeto que escolhemos para assinalar esta data. Tenha-o como símbolo deste casamento perfeito que reproduz hoje o encanto do primeiro tempo: o senhor ama a Diocese com um amor total e a Diocese tem por si a mais elevada estiva, um prendimento de noivado.

Muito obrigado!

 

+ Manuel Linda 20 de junho de 2024