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COMPREENDO E ACEITO

 

Yves Congar, um dos teólogos que mais influenciou o Concílio Vaticano II, costumava dizer, com fina ironia, que não ficava nada mal à Igreja se, de tempos a tempos, se revisse “no espelho do Evangelho”. De facto, só ele é capaz de pôr a ridículo as nossas gorduras doentias ou chamar a atenção para as magrezas que denunciam carências preocupantes.

Sabemos bem que, como moldura geral, esse espelho nos enquadra nos valores da confiança filial no Pai, na espiritualidade, misericórdia, simplicidade, perdão, fraternidade, penitência, verdade, justiça e paz. E tudo isto gera aquele quarteto que deveria caracterizar cada um dos crentes: fé, esperança, caridade e liberdade.

E a nível social? Quase todos estamos de acordo que o Evangelho não oferece –nem pretende- um modelo de organização da sociedade e, muito menos, um programa a executar por intermédio de partidos políticos. Não obstante, também não é inócuo. Bem pelo contrário! Como escreveram os bispos franceses, nele “aparecem uma série de exigências éticas, definidas de forma absolutamente clara: o respeito aos pobres, a defesa dos débeis, a proteção dos estrangeiros, a desconfiança frente à riqueza, a condenação do domínio exercido pelo dinheiro, a destruição dos poderes totalitários”. Eu acrescentaria: e a salvaguarda da dignidade humana, desde a conceção até à morte natural.

Estas balizas são para respeitar e promover. Sempre com o contributo das ciências sociais e num clima de aspiração ao melhor, de sonho, de profetismo. Numa palavra, de sã utopia. Mas utopia que não ignora que, para chegar ao perfeito, há que percorrer as vias da lei da gradualidade.

Aproximam-se as eleições. O cristão não exigirá aos candidatos e aos partidos a prova documental da sua fé e adesão à Igreja. Mas também não será indiferente no julgar os programas e propostas à base dos referidos critérios ou espelhos evangélicos. E depois, em consciência, não deixará de ser consequente, exercendo o seu direito de voto.

Este também tem um valor quase religioso!

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