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COMPREENDO E ACEITO

 

Missa Crismal

Só há crise onde existe estagnação

 

 

É uma jubilosa emoção olhar do alto desta cátedra e ver tantos “homens de túnica branca”, presbíteros e diáconos que fazem do serviço eclesial o critério orientador da sua existência, a partir da adesão perene e jurada ao sumo e eterno Sacerdote. Estamos aqui para renovar essa disposição de nos mantermos unidos ao Senhor, mas igualmente unidos uns aos outros, como primeira condição do ministério que exercemos. Todos juntos, dizemos à nossa Diocese que a amamos e, por isso, que apostamos em servi-la. Pode contar connosco como nós contamos com a amizade, colaboração e a sintonia de quantos aqui vivem a sua fé ou a procuram, ainda que tateando na noite.

Como humanos que somos, precisamos de sentir comunhão, confiança e sã harmonia entre os fiéis e os ministros ordenados. Os leigos não podem ignorar o desconforto, a suspeita e algum maldizer que frequentemente se faz recair sobre nós. Precisamos de plena união como, aliás, experimentamos da parte da grande maioria. Mas precisamos também nós, os ministros ordenados, de nos unirmos ainda mais, qual família de irmãos, edificada sob a paternidade espiritual do bispo.

Ouvimos dizer que os tempos são de crise, particularmente para a Igreja. Concordo se for no sentido de oportunidade e necessidade de se passar de um estado rotineiro e morno a um outro mais condizente com o que o Espírito pede à Igreja para este tempo e cultura. Profeta deste discernimento e mudança tem sido o Papa Francisco que não se cansa de pôr o dedo na ferida do «clericalismo» e do «verticalismo» para pedir novas comunidades, dinâmicas e comprometidas, edificadas à base de uma efetiva sinodalidade, de valorização dos carismas e ministérios laicais e preocupadas com o mundo, qual “Igreja em saída”.

E nós, Diocese do Porto? Sem intentar uma resposta exaustiva, impossível neste momento, teremos de investir mais em específicos critérios de renovação. Estes ajudam a construir essas tais comunidades fermentadoras, mas ajudam-nos especialmente a nós, ministros ordenados, a estabelecer metas e rumos a seguir por todos.

Em primeiro lugar, teremos de fazer uma verdadeira conversão espiritual. O centro da fé é a escuta do ministério, essa envoltura onde Deus habita. Sem o silêncio, a oração, a meditação e demais ações litúrgicas, pregaremos belas doutrinas, mas não construiremos pontes de interligação entre o homem e Deus.

Depois, tomar consciência que a proximidade a Deus torna-se proximidade à pessoa em situação, seja ela aquela a quem nos unem laços de simpatia ou os que já colaboram nas atividades pastorais, sejam os afastados da fé e os descartados da sociedade, os «últimos» de quem ninguém se aproxima. Na fé católica, a pessoa –todas as pessoas- está bem no centro. Ignorá-lo é rejeitar ser discípulo de Jesus Cristo.

Por outro lado, proximidade à pessoa significa escuta sinodal e valorização dos carismas e ministérios. Numa Igreja meramente celebrativa, o padre faria tudo e com relativa facilidade. Mas, mesmo aí, usurparia funções que pertencem ao povo de Deus. Fundamentalmente, não faria obra de verdadeira evangelização nem conseguiria exprimir os critérios do amor cristão em obras de caridade ou misericórdia. E não edificaria comunidade.

Tudo isto obriga à efetiva renovação do ministério sacerdotal. É nela que se fará a própria renovação da Igreja, pois o ministério ordenado é estruturante. O que supões três âmbitos: aceitação da responsabilidade individual inerente ao nosso ministério, até porque, habitualmente, as comunidades se tornam como que espelho do seu Pároco e mesmo dos seus diáconos; estilo de vida colegial, porque ninguém, em Igreja, pode viver por sua conta e risco; enfim, mentalidade sinodal, já que só se age em nome da Igreja quando entrelaçamos a nossa vida com a do povo de Deus.

Por mais que custe, neste momento histórico, tenho também de chamar a atenção para uma realidade horrivelmente criminosa: a dos abusos de menores. Está na hora de cairmos em nós próprios para tomarmos consciência da sua gravidade –uma gravidade que destrói vidas- e nos tornarmos uma comunidade escrupulosamente respeitadora das fragilidades. Aproveitemos este momento de dor para todos nos reconciliarmos: clero, vítimas e sociedade em geral. Há que fazer penitência pelas culpas do passado e do presente: pelos abusos de poder de quem os encobriu, pelo clericalismo de clérigos e de leigos, pela ignomínia de quem cometeu esses crimes e pelo despudor de quem eventualmente possa ter usado o anonimato para fazer acusações mal fundadas ou falsas.

Olhemos o futuro com otimismo. Uma Igreja fiel ao seu Fundador não tem que temer um qualquer fim de linha. Deus é o Senhor do tempo. De todos os tempos.

Nesta linha do tempo, no que aos ministros ordenados diz respeito, como é habitual, apresento as principais referências desde a última quinta feira santa até hoje.

Sacerdotes falecidos:

Pe. Manuel Ferreira de Carvalho (04/05/2022)

Pe. Manuel António Ribeiro Soares Sá Alves (06/08/2022)

Pe. António Teixeira Fernandes (24/08/2022)

Frei Jerónimo Carneiro (Dominicano) (09/10/2022)

Pe. Marcelino Teixeira de Freitas (Dehoniano) (10/10/2022)

Pe. Avelino Jorge Pereira Soares (16/12/2022)

Pe. Arlindo de Magalhães Ribeiro da Cunha (18/01/2023)

Pe. Fernando Correia Gonçalves (23/01/2023)

Diácono falecido: Diác. Jofre António da Costa Pedro (17/04/2022)

Diáconos ordenados, em ordem ao sacerdócio (08/12/2022): Diác. Bruno Miguel Coelho Aguiar; Filipe Ramos dos Santos; Pedro Manuel Lopes da Cunha

Bodas de prata sacerdotais (25º aniversário de ordenação, 1998-2023):

Pe. Carlos Alberto da Costa Correia (Boa Nova)

Pe. Daniel Henrique Saturi

Pe. Fernando Sérgio Pereira Fernandes

Pe. Manuel Fernando Soares da Silva

Bodas de ouro sacerdotais (50º aniversário de ordenação: 1973-2023)

Pe. José Alberto Vieira de Magalhães

Pe. José da Silva Alves Coelho

Pe. José Ribeiro da Mota

Cón. Lino da Silva Maia

Sexagésimo aniversário de ordenação: 1963-2023)

Pe. António de Brito Peres

Pe. António Fontes

Pe. António Meireles Ribeiro de Matos

Pe. António Pereira Baptista

Pe. Avelino Ricardo Teixeira da Silva

Pe. Damião Olindo das Neves Basto

Pe. José Loureiro Dias Pinho

Mons. Manuel Correia Fernandes

Pe. Pedro Gradim de Sá Mourão

Septuagésimo aniversário de ordenação: 1953-2023)

Pe. Agostinho da Mota

Pe. Belmiro Coelho da Silva

Pe. Carlos Duarte

Irmãos, rezemos pelos defuntos, acolhamos com carinho os novos membros, felicitemos os que celebram datas jubilares e prossigamos. Prossigamos porque não vamos por nossa conta, mas por conta do nosso Deus que nos constituiu seus ministros. Prossigamos porque temos uma função insubstituível: anunciar e celebrar o mistério pascal do Senhor como penhor de alegria e de esperança contra toda a esperança.

Que a Mãe do Clero e Modelo da Igreja nos acolha sempre no seu regaço.

 

 

Manuel Linda, Bispo do Porto 6 de abril de 2023