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COMPREENDO E ACEITO

 

Escondidos

 

A pandemia foi traumatizante para todos. Mas afetou especialmente os novos: afastou-os dos amigos, dos espaços públicos, das correrias, das relações que se criam na escola. Isolou-os, acrescentou-lhes medos, desorientou-os e tornou-os mais sós.

A nível documental, não conheço especiais estudos referentes à situação portuguesa. Mas, da Itália, sim. E os dados são alarmantes: ataques de ansiedade, incremento da automutilação, metamorfose da raiva em violência, isolamento patológico, acréscimo de tentativas de suicídio.

Onde estes sinais de alarme mais se concretizaram foi no recurso às drogas. O consumo não diminuiu, mas até gerou novas modalidades de aquisição que a tornaram mais «banal»: os novos mercados on-line fizeram com que baixasse muito a idade dos que a começaram a usar. O contacto precoce tornou mais negra uma situação que já era dramática. Para já não falar no recurso ao álcool e psicofármacos.

Um relatório da ONU refere que, no mundo, um em cada três já teve contactos com drogas e 275 milhões consumiram-nas durante o ano de 2020. Concretamente a canábis, porta de entrada no mundo das drogas para 38% dos mais novos. Isso gerou “distúrbios” mais ou menos graves em cerca de 36 milhões: alimentares, de violência, recurso aos jogos de azar, roubos, solidão, relações tensas com os familiares.

A carência de referentes –família funcional, Igreja, amigos, voluntariado- reforçou o uso das redes sociais. Evidentemente, todos recorrem a elas. Mas as motivações separam-nos: os que colaboravam nas Paróquias e organismos sociais, usaram-na como instrumento de confronto, de incentivo e de ânimo na relação com os pares; os «desenraizados» tornaram-se mais dependentes e adictos. E especialistas da dark web (internet negra ou de práticas criminosas).

A Igreja, ao dedicar-se aos mais novos (grupos paroquiais, escutismo, acólitos, etc.) não só os evangeliza como muito contribui para o estabelecimento de relações sociais que geram bem-estar e evitam a fuga para o submundo do mal. Importa que se continue e reforce esta dinâmica. A situação exige-o.

Não haja, pois, nenhuma paróquia sem grupo de jovens. E que eles constituam, para os seus pares, os grandes «consultores» para o acolhimento, o conselho, o confronto, o desabafo. E para a orientação. Deles e das próprias famílias que sofrem por ver os filhos sofrer.

Para que os sonhos prossigam.

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 Photo by Matese Fields on Unsplash