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COMPREENDO E ACEITO

 

A alegria do amor

Lembro-me da reação instintiva de um alto quadro de uma empresa. Num anuo com o patrão, decidiu despedir-se. E contou-me o que lhe disse: que não tinha «casado» com ele. Que para sofrer já chegava a família que tinha constituído.

Para sofrer? Impressionou-me a ligação entre família e sofrimento. Pelo que dele sei, não creio que isso fosse verdade. Certamente usou esse termo de comparação por mero desabafo. Apenas para ilustrar o discurso. Não obstante…

Vem-me isto à memória no ano dedicado à Amoris laetitia, no quinto aniversário dessa extraordinária exortação apostólica do Papa Francisco, publicada na sequência de dois Sínodos sobre a família. Documento sobre a beleza do amor, mas também sobre a compreensão, integração e possível recomposição daquelas que o deixaram fraturar.

De facto, olhamos à volta e deparamos com muitas situações familiares. Mas que se poderiam sintetizar em duas grandes linhas: as que se sentem envolvidas num amor feliz e as que, em alguma circunstância, se sentiram oprimidas por um duro fardo. Quanto às primeiras, é ocasião de dar graças a Deus e jamais omitir os ingredientes que fazem o matrimónio alimentar-se como a chama a partir da cera. Os segundos, porque feridos e angustiados, reclamam a solidariedade devida a quem sofre.

Nem todos compreenderam o esforço de acolhimento e integração do Papa Francisco destes que, muitas vezes com o coração a sangrar, intentaram a cura das chagas em nova relação familiar. Mas a Igreja podia voltar-lhes as costas? A Igreja é uma comunidade de solidariedade. Se não se aproxima dos seus membros, particularmente dos vulneráveis e fragilizados pela dor, fraqueza ou pecado, desconhece as atitudes de Jesus e torna-se egocêntrica e autorreferencial. Sem interesse para ninguém.

Sabemos que muitos casais em situação não-canónica se aproveitaram da ideia simplória, transmitida pela comunicação social de massas, de que «agora é tudo igual ao litro». De que já não há distinção entre os que vivem em sacramento e os que o quebraram ou o recusaram. Desgraçadamente. Mas a culpa pode ser da própria Igreja que não foi suficientemente rápida e zelosa a aproximar-se dessas situações.

Mais um motivo para se fazer agora o que devia ter sido feito antes. Porque a profunda comunhão com Deus através da experiência do seu amor misericordioso é um processo que dura… a vida inteira.

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