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COMPREENDO E ACEITO

 

 

Alocução no final da Procissão do Corpo de Deus

 

 

Irmãs e irmãos, distintas autoridades, membros do Cabido, sacerdotes e diáconos, acólitos, escuteiros e fiéis leigos em geral,

esta forma de honrar o Corpo de Deus remonta a 1264. Nasceu na Bélgica e, passados alguns anos, terá chegado ao Porto. Pelo menos a partir de 1417, raramente terá deixado de se realizar e sempre com o máximo júbilo e esplendor. Aliás, esta era uma procissão que comprometia as autoridades civis, mesmo na própria organização e na aquisição de materiais litúrgicos.

Mais uma vez, Deus concedeu-nos a graça de a realizar. É que, hoje como sempre, vemos no Santíssimo Sacramento a base e origem da renovação da Igreja e até da sociedade. Quanto à Igreja, basta pensar que os grandes reformadores foram sempre pessoas da Eucaristia, tais como um Bento de Núrsia, Francisco de Assis, Teresa de Ávila e, entre os jovens millennials, Carlo Acutis, que proximamente será declarado Santo. Relativamente à sociedade, o Corpo de Deus diz-nos que, num mundo cada vez mais virtual, é urgente uma presença real. É urgente tempo e espaço para a amizade, para o diálogo, para a escuta e a contemplação.

Precisamos, de facto, de uma presença de bondade entre nós que teimamos em sermos malévolos uns para os outros; de gratuidade quanto tudo se mede pela conveniência pessoal; de dádiva, quando se vive à base do cálculo; de uma solicitude igual para todos e especial para cada um. Precisamos de um alimento comum que gere a unidade social ao tornar-nos a todos comensais; uma comida que nos torne mais irmãos, mais fraternos.

Nesta linha, esta procissão é uma resposta à nossa cultura dominante. Adoramos o Senhor para não nos adorarmos a nós mesmos; adorámo-l’O para vermos para lá do visível. Adorar o Senhor é deixar que o nosso coração seja conquistado pelo seu amor pleno e gratuito e, desta forma, vermos o mundo com os seus olhos de compaixão e não de julgamentos impiedosos, para amar e não para ter medo do amor. E este amor faz-nos ver que o pão disponível é para todos: para nós e para os outros. E desta forma se constrói uma sociedade menos fraturada.

Caras amigas e caros amigos, obrigados pela vossa presença, em alguns casos, com bastante sacrifício. Que Deus, a todos, cumule com a sua bênção, a sua paz e a sua alegria. E que transforme o nosso ser em amor para com quem sofre a fome e a sede no deserto da vida. E seja a nossa luz e a nossa racionalidade na escuridão dos dias vividos sob ameaças atómicas e guerras insuportáveis.

Obrigado. Continuação de uma feliz tarde. E não tenham medo do amor!

 

+ Manuel Linda 30 de maio de 2024