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Gaudeamus igitur
Quarenta anos de presença da «Católica» no Porto e outros tantos de créditos bem firmados! Só por si, é digno de registo. E de muitos parabéns!
Parabéns porque tem dado à sociedade e à Igreja alguns dos melhores quadros. Parabéns porque tem sido pioneira em áreas que estavam descobertas. Parabéns porque soube abrir-se ao mundo empresarial, à internacionalização, à coexistência pacífica entre saberes distintos. Parabéns porque é, efetivamente, a casa dos «estudos gerais».
Mas basta contemplar os bons resultados já conseguidos? É evidente que não. Agora, o passado já só conta como alavanca para o futuro. E este coloca novas exigências.
Em primeiro lugar, uma cultura da seriedade, do rigor e da humildade. Hoje, nenhuma ciência está capacitada para responder sozinha às prementes questões pessoais e sociais. Requer-se, pois, uma abertura à pluridisciplinaridade, mas numa hermenêutica de interdisciplinaridade.
Ao mesmo tempo, há que ultrapassar a dicotomia entre o saber e a formação da personalidade. A formação integral passa pela aquisição dos saberes, mas também dos comportamentos típicos do saber-fazer e pelos valores e atitudes do saber-ser.
Como «católica», compete-lhe, também, resgatar a pessoa da mera condição finita e colocar-se na linha da frente da libertação integral, o que inclui a abertura ao Transcendente e a prioridade aos valores sociais cristãos, quais sejam a opção fundamental pelo pobre, pela justiça social, pela paz e pela salvaguarda da criação.
Herdeira da melhor tradição medieval que gerou a Universidade a partir das escolas catedralícias e monásticas, a nossa Católica será fiel às suas raízes se não hipotecar o humanismo, pessoal e social, a um qualquer desenvolvimentismo eficientista colocado ao serviço dos mais poderosos, instaurador de injustiças, fator de instabilidade social e inimigo da natureza.
Gaudeamus igitur! Mas alegremo-nos porque a Católica muito contribuiu, contribui e contribuirá para o bem global e coletivo do meio em que se insere.