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Jardineiros no jardim de Deus
   

 

Jardineiros no jardim de Deus

 

De 1 de setembro, início do ano pastoral e escolar, a 4 de outubro, memória litúrgica de São Francisco de Assis, Patrono da Ecologia, a Igreja Católica e as Igrejas Irmãs Evangélicas colocam como sua referência especial a ligação à “Casa comum”, ou seja, à natureza, sem a qual pessoas, animais, plantas e outros seres não poderíamos sobreviver. Numa dupla perspetiva: como dimensão ética que nos obriga a específicos comportamentos respeitosos para com esta grande e bela obra de um Deus que nos oferece semelhante dádiva; e como fonte de espiritualidade, pois a contemplação da beleza da criatura ajuda-nos a admirar e amar mais o seu Criador.

Desde que o Papa Francisco nos alertou para a urgência de novas atitudes para com a natureza, com a publicação da encíclica Laudato si, esta celebração universalizou-se e passou a entrar, mais autenticamente, no rol das nossas preocupações e vivências eclesiais. Como é sabido, para assinalar o quinto aniversário desta encíclica dedicada a uma temática absolutamente nova, o Dicastério para a Promoção do Desenvolvimento Humano Integral, da Santa Sé, anunciou um ano celebrativo especial, de 24 de maio de 2020 a 24 de maio de 2021. Está a decorrer, embora o contexto de pandemia acabasse por ofuscar muitas ações que poderiam constituir grandes e motivadoras notícias.

Na Diocese do Porto, evidentemente, o tema também deu entrada no nosso Plano Pastoral. Nas “Emergências pastorais” refere-se, no nº 13, a necessidade do alargamento do “horizonte do nosso cuidado pela Casa Comum”, aliás, um dos quatro “Objetivos” para o ano de 2020/21, assim especificado: “Assumir a vocação de que Deus Pai e Criador nos confiou de guardiões da obra de Deus, como parte essencial de uma vida cristã virtuosa; acolher criativamente as propostas do Ano Laudato Si”.

Por tudo isto, convido amigavelmente os Sacerdotes e Diáconos, os Institutos Religiosos e Seculares, as Associações, Movimentos e Obras e todo o Povo de Deus, mormente por intermédio dos seus organismos mais representativos –escolas, universidades, hospitais, empresas, famílias, comunicação social, administração, autarquias, associações culturais e desportivas, artistas, etc.- a celebrarmos este tempo da Criação com ações de sensibilização ambiental, reflexão sobre a interligação da pessoa com a natureza e, se possível, com a oração de louvor pela magnífica oferta que o Criador nos concedeu.

Não faltam materiais para nos ajudar nesta vivência. Refiro, especialmente, os provenientes do Dicastério para o Desenvolvimento Humano Integral (www.sowinghopefortheplanet.org/files/shftp_uploads/2020/6/Laudato_Si_Portuguese_compressed.pdf) ou da Comissão Ecuménica (seasonofcreation.org/pt/about-pt). A nível local, entre nós, a Comissão Diocesana para o Ecumenismo (ecumenismodioceseporto.blogspot.com) já publicou válidas achegas.

O nosso Secretariado Diocesano do Ensino da Igreja nas Escolas, a quem confiei a tarefa da mobilização em favor da “Casa comum”, pretende viver o ano escolar à base deste slogan, jogando com as iniciais da sigla: “Dá cá mais 5 c’s: Crescer na Consciência do Cuidado da Casa Comum”. Creio que, com esta ou outra formulação, este desiderato deveria constituir uma preocupação de toda a Igreja diocesana.

E rezemos: “Senhor da Vida, durante este Tempo da Criação pedimos que nos deis coragem para guardar o shabat do nosso planeta. Fortalecei-nos com a fé para acreditarmos na Vossa providência. Inspirai-nos com a criatividade para compartilharmos aquilo que recebemos. Ensinai-nos a satisfazer-nos com aquilo que é suficiente. E enquanto proclamamos um Jubileu pela terra, enviai o Vosso Espírito a renovar a face da criação. Nós Vo-lo pedimos em nome de Jesus Cristo que veio proclamar a boa-nova para toda a criação”.

Porto, 27 de agosto de 2020

+ Manuel, Bispo do Porto