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Dia Mundial dos Pobres: “a caridade é o centro da vida da Igreja”


O teólogo Jorge Cunha assinalou a necessidade de um “aumento generalizado dos salários” e da “moralização do trabalho”. No Encontro Diocesano por ocasião do Dia Mundial dos Pobres foram entregues os prémios do Concurso “Atreve-te a sonhar”. O vencedor deste ano foi o Projeto Voar dos jovens da paróquia do Bonfim.

 

A paróquia de Alfena acolheu o 3º Encontro Diocesano no âmbito do Dia Mundial dos Pobres na sexta-feira dia 14 de novembro. Uma iniciativa organizada pelo Secretariado Diocesano da Pastoral Social (SDPS).

 

O principal orador da noite foi o cónego Jorge Cunha, professor de Teologia da Universidade Católica Portuguesa (UCP), pároco de S. João da Foz do Douro e regular colaborador de Voz Portucalense.

 

Na sua análise sobre a mensagem do Papa Leão XIV para o Dia Mundial dos Pobres 2025, assinalou que nesse texto é afirmado que “o sofrimento e a vulnerabilidade são o lugar da vida”.

 

Em particular, afirmou que “a caridade é o centro da vida da Igreja”. “Não é uma cosmética”, declarou o padre Jorge Cunha. “O serviço dos pobres não é complemento da Fé, mas o centro”.

 

A partir da sua leitura da Mensagem do Santo Padre afirmou que a “pastoral com os pobres não é um entretenimento da Igreja” ou uma espécie de “passatempo”.

 

“O rosto do pobre é a manifestação de Deus”, sublinhou o teólogo, destacando que “Deus revela-se no pobre”. “Os pobres levam-nos a cair em nós” e a compreender a “imperfeição da nossa sociedade”, onde “a pobreza principal é a carência de Deus”.

 

Olhando para o concreto da realidade social, Jorge Cunha lembrou que Leão XIV na sua Mensagem fala na “responsabilidade social e nas causas estruturais da pobreza”. “É preciso insistir de que é mediante o trabalho que escapamos à pobreza”, assinalou o teólogo.

 

No espírito da Mensagem do Papa, o professor de teologia da UCP aproveitou a ocasião para lembrar a necessidade do “aumento generalizado dos salários e do rendimento do trabalho”. “Não basta a redistribuição do rendimento, mas é necessária uma moralização do trabalho”, declarou.

 

“Através de um círculo de colaboração e de amizade é preciso reabilitar os pobres”, com ferramentas de formação que promovam o seu “empoderamento”, salientou.

 

Jovens do Bonfim venceram concurso da pastoral social

 

Momento aguardado neste encontro diocesano foi a divulgação dos vencedores do Concurso de Ideias “Atreve-te a sonhar” promovido pelo SDPS em colaboração com a UCP e a Irmandade dos Clérigos que patrocina a iniciativa.

 

O primeiro prémio foi para um grupo de jovens da paróquia do Bonfim, na cidade do Porto, com o “Projeto Voar” que procura fazer a diferença na vida de crianças e jovens. Junta 15 voluntários que trabalham com cerca de 70 participantes numa iniciativa que tem atividades mensais e também uma colónia de férias.

 

“Acolher o outro como irmão” é o objetivo de um projeto que dá também muito relevo ao cuidado com a “casa comum”. “Porque juntos chegamos mais longe” é o lema deste projeto que recebe agora esta distinção.

 

O segundo prémio foi para um grupo de jovens da paróquia da Maia com o projeto “48 horas para os outros”, dedicado a crianças, jovens e idosos. O terceiro prémio foi entregue a um projeto também dedicado a idosos da paróquia de Nogueira da Regedoura com o nome “Telefone da Boa Noite”.

 

Esta terceira edição do concurso atribuiu prémios num montante total de 1500€: 750€ para o primeiro prémio; 500€ para o segundo; 250€ para o terceiro prémio.

 

Houve tempo ainda para saber do andamento dos projetos vencedores da edição de 2024, respetivamente das paróquias de Alfena, Freamunde e Moreira da Maia.

 

 

“Na sociedade há falta de afeto”, disse o bispo do Porto

 

No final da sessão, o bispo do Porto tomou a palavra para sublinhar o “dinamismo incrível da solidariedade na diocese do Porto”. “Bem hajam” disse D. Manuel Linda agradecendo o trabalho da equipa do SDPS liderada pelo padre Rubens Marques.

 

“A pobreza obriga-nos a refletir e a atuar”, assinalou D. Manuel Linda apontando a necessidade de serem criados “sinais de esperança”.

 

Apresentou duas dimensões: “a dimensão caritativa de dar de comer e de vestir, mas também uma dimensão de inserção na sociedade daqueles que estão afastados”.

 

“É preciso formar pessoas para o mundo”, declarou o bispo do Porto saudando os projetos apresentados que “têm a ver com as dimensões de promoção do ser humano”.

 

“E é também preciso estarmos atentos à afetividade”, salientou. Porque “na sociedade há falta de afeto”, afirmou D. Manuel Linda aludindo “às cenas de violência que temos vindo a ver nos últimos tempos em Portugal”.

 

Lembrando o notável serviço das instituições de solidariedade que trabalham na diocese do Porto, tais como a Cáritas Diocesana, as conferências vicentinas, os centros sociais paroquiais e todas as outras IPSS, D. Manuel Linda concluiu a sua intervenção frisando o desafio de “vermos Deus no irmão que sofre”.