Uma Peregrinação de Fé, Provações e Graça
De 30 de maio a 2 de junho, 66 peregrinos da Paróquia de Oliveira de Azeméis levaram o coração cheio de fé até Roma, para viver o Jubileu das Famílias.
Mais do que uma viagem, foi uma travessia da alma, uma experiência que ficará gravada na memória de cada rosto, em cada lágrima partilhada, em cada sorriso rasgado que, por sua vez, rasgou também o cansaço e o medo.
Partimos em grupo, como irmãos, e como irmãos vivemos dias intensos, desafiantes, profundamente transformadores.
Fomos colocados à prova desde o primeiro instante — voos cancelados sem aviso, mudanças de horários de última hora, visitas cuidadosamente planeadas que se perderam sem apelo nem agravo.
Os nossos passos, que sonhávamos certos, foram surpreendidos por imprevistos que nos podiam ter vencido. Perdemos bilhetes para a Capela Sistina, para os Museus do Vaticano e, por momentos, parecia que perdíamos também o ânimo.
Mas não. Porque no meio do caos, a fé falou mais alto.
Fomos um só corpo: ajudando, escutando, esperando. A mão que nos amparava era mais forte do que qualquer percalço. A palavra de alento vinha de um olhar cúmplice, de quem partilhava o mesmo banco do autocarro, o mesmo silêncio nas filas de espera, a mesma esperança de chegar. E chegámos. Chegámos juntos (ainda que separados, fisicamente, em dois grupos), chegamos como comunidade, chegamos como família de famílias.
No coração de Roma, envolvidos pela beleza eterna da cidade e já no calor do verão italiano, vivemos o momento mais marcante: a Eucaristia presidida pelo Papa Leão XIV. Um silêncio profundo caiu sobre o grupo quando o Santo Padre apareceu… e naquele instante, cada um de nós, nas suas imperfeições, se sentiu abraçado pelo divino. Rezámos por quem ficou, agradecemos pelas famílias que somos, pedimos força para sermos mais. Mais humanos. Mais compassivos. Mais irmãos.
Aprendemos que os nossos planos, por mais bem traçados que sejam, não resistem sem humildade. Sem persistência. Que ninguém é perfeito, mas todos somos capazes de ser melhores. E se fazemos o que melhor podemos e sabemos, mais não é esperado que façamos. Aprendemos que é nas lágrimas partilhadas e nos sorrisos inesperados que se constrói a verdadeira comunhão.
Regressámos com menos certezas e mais fé. Com menos planos seguidos e mais histórias vividas. Com menos bilhetes usados e mais memórias gravadas. E, acima de tudo, regressámos mais unidos.
Como grupo, como comunidade, como parte de uma Igreja viva que caminha, tropeça, levanta-se… e ama.
Oliveira de Azeméis levou 66 pessoas a Roma. E Roma devolveu-nos 66 corações mais cheios.