Saudando “compositores, maestros, coralistas, organistas, músicos e animadores de assembleia”, D. Manuel Linda disse-lhes que na sua função estão a “ajudar a humanidade a reconhecer a sua dignidade de imagem e semelhança de Deus”. Assinalou que “celebrar a divina liturgia” implica “voltarmo-nos para os irmãos”.
Cerca de duas mil vozes foram harmonia de louvor no Jubileu dos Coros na diocese do Porto que contou com o Destacamento do Porto da Banda do Exército. Esta celebração foi uma iniciativa de grande alcance litúrgico, pastoral e artístico coordenada pela equipa do Serviço Diocesano de Música Litúrgica, liderada pelo maestro Emanuel Pacheco.

“Hoje sentimo-nos povo de Deus e povo do povo. E mostramos que louvor divino e compromisso humano caminham lado a lado e de mãos dadas”, disse D. Manuel Linda saudando os cantores, músicas e tantos fiéis vindos de toda a diocese que encheram o espaço da Nave de Espinho.
“O dia de hoje oferece-nos um contexto belo para celebrarmos o Jubileu Diocesano dos Coros e, em uníssimo, elevarmos aos Céus o hino de glória e de louvor que só a Deus pertence”, afirmou.
Na sua homilia, D. Manuel Linda lembrou a Solenidade de Cristo Rei celebrada naquele domingo e que foi instituída pelo Papa Pio XI em 1925, há precisamente cem anos, “para afirmar ao mundo que o único Senhor que não espezinha, mas promove a dignidade humana, é Cristo”.

Recordou a leitura dos sinais dos tempos feita por Pio XI que se deu “conta da nova cultura totalitária que grassava pela Europa e pelo mundo”.
O bispo do Porto, nesta celebração, exortou “os cristãos a novas ousadias” num mundo contemporâneo, marcado pelo “indiferentismo” e o “materialismo”.
“Perante o mundo cultural do indiferentismo, individualismo, materialismo e consumismo, que deixa novas vítimas no caminhar histórico da humanidade, os cristãos são chamados a novas ousadias, superiores propostas, fermentação de novos valores”, declarou D. Manuel Linda.
O bispo do Porto assinalou a importância de “celebrar a divina liturgia e cantar os louvores celestiais”, mas também a necessidade de “voltarmo-nos para os irmãos”.
“Celebrar a divina liturgia e cantar os louvores celestiais implica voltar o nosso olhar para Deus e d’Ele esperar a salvação, a vida e sentido da existência. Mas não menos voltarmo-nos para os irmãos, já que, depois da Incarnação de Jesus, depois de se ter feito carne da nossa carne, é impossível separar a sua Pessoa da pessoa do irmão que lhe reflete o rosto, especialmente o pobre e o último”, sublinhou D. Manuel Linda.
Em particular, o bispo do Porto dirigiu-se para os maestros, músicos, coralistas e animadores da assembleia, dizendo-lhes que na sua função estão a “ajudar a humanidade a reconhecer a sua dignidade de imagem e semelhança de Deus e filhos no Filho”.
“Caros compositores, maestros, coralistas, organistas, músicos e animadores de assembleia, quando exerceis o vosso ministério e auxiliais os outros a glorificar o Deus Salvador, estais a ajudar a humanidade a reconhecer a sua dignidade de imagem e semelhança de Deus e filhos no Filho. Ajudais a pessoa e a sociedade a descobrir que só em Deus encontra a vida em plenitude e só n’Ele descobre o fundamento da sua dignidade, o sentido de sua existência e as razões da sua esperança”, afirmou.
“Ao cantardes a beleza de Deus e ao celebrardes a beleza do homem novo recriado em Jesus Cristo, dai-vos conta de que estais a colaborar na grandiosa obra de evangelização ao inculcar os novos valores do reino de Deus”, disse D. Manuel Linda na conclusão da sua homilia.